Só depois da pinga...

terça-feira, dezembro 25, 2007

Desejo somente noites felizes.
Não uma só a longo do ano, mas várias.
E se der, muito felizes.
Noites felizes sozinhos,
com nossas consciências e travesseiros
ou com outras pessoas.
Na verdade, desejo noites e dias felizes.
Mesmo não desejando que sejam só isso.
Afinal, vocês pediram com emoção ou sem emoção?

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Escrever sobre escrever.

De quarta-feira. Ultimamente a quarta-feira é o dia mais atribulado para mim. O dia que acordo mais cedo, que canso mais no treino da academia, que tomo banho e almoço mais correndo, que tenho mais coisas para fazer e o dia que passam na tv a cabo os meus programas preferidos. Deveria ser o dia que eu capoto mais rápido na cama também, mas não é por causa de um detalhe: é o dia que eu falo sobre a minha vida. Mais importante, que eu paro para pensar e falar só sobre ela. Sem o peso de parecer egoísta e egocêntrica para os outros.

Estou entendendo que o empurrão inicial para um processo interno muito mais complexo é mesmo sentar e falar sobre o que aflige, apaixona ou o que simplesmente aconteceu desde a última vez que me sentei ali. Às quartas-feiras não tenho consigo dormir tão cedo porque desde quando saio de lá, fico inquieta, continuando a raciocinar sobre o que falamos. Não tão especificamente, mas o empurrão não dura só uma hora, ele vai embora... e me leva. E tenho a (tola?) impressão de que se eu parar para dormir, amanhã não vou conseguir seguir no embalo que estou agora.

E percebo que quanto mais eu penso, mais eu entendo sobre ela. Eu sei que é óbvio que isso aconteceria, mas a sensação disso realmente acontecendo é nova para mim, não é óbvia não. Aquele estalo que vem do nada, quando você nem está mais pensando naquele assunto, mas que o seu cérebro finalmente entendeu o que seu coração estava querendo dizer - ou vice-versa - é muito legal de sentir. É a ficha caindo.

E eu tô começando a entender que pra várias fichas caírem é preciso treino. Repetição, paciência, disciplina, tempo. As mesmas variáveis que me trarão o corpo que eu desejo na academia são as que trazem equilíbrio, tranqüilidade e, principalmente, consciência sobre quem eu sou.

E quando me surge a sugestão de que escrever sobre certos assuntos, justamente para não perder o embalo, também pode me ajudar a encará-los mais de frente, sinto de novo a inquietação. É um desafio. Será que eu consigo? Eu que sempre escrevi sobre o que bem quis, me expondo e preservando ao mesmo tempo. Será que vou conseguir escrever sobre meus medos? Não sei. Será que vou conseguir pensar, organizar e escrever sobre tantos lados, faces, vértices, tantas outras ligações, sentimentos que passam aqui dentro? Não sei. Mas, por enquanto, o tema é mais metalingüístico. É só escrever sobre como será escrever.

terça-feira, dezembro 11, 2007

O que você faz hoje determina o que você vai viver daqui dez anos.

Muito, muito tempo atrás eu ouvi essa frase dita não me lembro por quem e, por algum desses motivos que a gente não entende tão facilmente, ela nunca saiu da minha cabeça. Virou um tipo de mantra pessoal.

Quando me questionava porquê precisava prestar vestibular, eu lembrava dela. Quando sentava em frente ao computador e mandava 50 currículos para 50 desconhecidos, era nela que eu pensava. Mas hoje, exatamente hoje, essa afirmação nunca fez tanto sentido para mim. Literalmente.

Dez anos atrás. Esse é o tempo que faz que aconteceu o que mudou tanto e de tantas formas a minha vida. O que fez eu ser o que sou - ou não sou - hoje. Não tem outra palavra para descrever o que fez a não ser: mudou. Já cansei de me questionar se a mudança foi para melhor ou para pior. Ou questionar como tudo teria sido se... Cansei, mas não parei. Não me pergunte porquê.

O que a tempos já havia concluído é que o que eu fiz naquela época, o modo como reagi, meu ponto de vista e minhas atitudes, algumas vezes intuitivas e outras aconselhadas, determinou exatamente o que eu vivo hoje e o que sobrou daquela história. O que eu sou e como me relaciono com o mundo. O quanto me mostro e outro tanto que ninguém nunca vê.

Dez anos, meu Deus, dez anos. Dez anos que não houve um dia sequer que eu não pensei ao menos uma vez nesse assunto. Às vezes durante horas, às vezes poucos minutos, às vezes com raiva, com incompreensão, simplesmente como lembrança e às vezes como sendo a razão de outras coisas.

Esse "aniversário" me fez inverter o sentimento em relação a essa frase. Sempre que pensava nessa frase, concluía em fazer algo para colher os frutos dali um tempo, os tais 10 anos. Hoje acho que é a primeira vez que me peguei pensando o contrário, como quem já está colhendo o que plantou a tempos. E graças a Deus a sensação é boa.

Esse post pode ser um mistério para muita gente, parecer sem sentido ou explicações suficientes. Pra mim mesma ele é uma surpresa. Sentar a essa hora, pra escrever parte do que se passa, é definitivamente uma surpresa pra mim - e que amanhã será para minha terapeuta. Mas tudo bem, não há de ser nada, pois sei que a madrugada acaba quando a lua se põe... E porque às vezes a gente não quer ser compreendida, a gente só quer falar.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

A Carol pergunta, eu respondo.

Qual foi a última vez que você fez alguma coisa pela primeira vez?


Hoje, ontem, anteontem. Acho que todo dia faço algo pela primeira vez, claro que com maior ou menor significado e importância. Não faço coisas memoráveis - e pela primeira vez - todo dia. Ninguém faz.

Hoje pela primeira vez eu deixei meu namorado me ouvir chorar. Ontem pela primeira vez eu andei na esteira com 4.0 de inclinação. E assisti o Closer. No fim de semana, pela primeira vez, eu vi meu sogro. E andei de trem. Semana passada, pela primeira vez, eu pensei de verdade em tirar carta de motorista.

Eu avisei que o grau de relevância variava! Claro que espero pelas "grandes primeiras vezes", quando for, pela primeira vez, pedida em casamento, que comprarei meu primeiro carro ou que, finalmente, saltarei de pára-quedas.
Mas a gente faz um monte de coisas pela primeira vez quase todos os dias, e muitas vezes nem percebemos. Só queremo saber das primeiras vezes mais clássicas, marcantes. E aquelas do dia-a-dia simplesmente passam. Muitas vezes.