Só depois da pinga...

domingo, setembro 24, 2006

amor que se dedica
amor que não se explica
até quando se vai
parece que ainda fica.
olhando você sair
sabendo que vai cair
deixar que saia
deixar que caia...
.
por mais que vá sofrer
é o jeito de aprender
e o teu caminho
só você vai percorrer.
.
se você vence eu venço
se você perde eu perco
e nada posso fazer
só deixar você viver.
só olhar você aprender
só olhar você crescer
só olhar você amar....
.
Alice Ruiz

sexta-feira, setembro 15, 2006

24 horas

Acordou cedo. Sete horas já estava de pé, e já fazia um calor de duas da tarde.
Foi tomar banho, lavar o cabelo [ai que sono] Se arrumou, uma roupa [não, muito desarrumada] troca por outra [essa tá boa], conversou com a mãe assuntos cotidianos. Foi de carona trabalhar. Outlook, excel, msn, internet. Nove e pouco tocou o telefone, olhou na bina [nossa!], Bom diiia... Mais msn, outlook, excel e internet. Telefone com amiga, ramal 158. Conversou rápido e baixinho. arquivo no word [meu deus, tenho que ver isso]
Hora do almoço, saiu, comeu e voltou rápido. Muito calor. Ligou pro irmão, parabéns. [puta, esqueci de passar no banco] Telefonemas, três coisas ao mesmo tempo. Viagem, trabalho e projeto.
Buscas no Google, fuçou na internet, formulário, respostas no e-mail, repassou pra galera [será que vai rolar, sei não] Briga por trabalho. P da vida pela incompetência alheia, e pela cara-de-pau. É niver do zé, chega o bolo. Parabéns, ele morto de vergonha e um bolo bom demais. Dois pedaços. [meu deus] Trabalhou, ligou, resolveu. Ligou em casa e Oi tia! [aaaai...] alegrou.
Seis e pouco tocou o telefone, olhou na bina [nossa!], Tudo bom? Que saudades! Correu pra acabar de ler, tem que correr pra aula agora.
Saiu sete em ponto, andou rápido pro ponto. Éééia! [tem alguém me chamando...] Déia! [será? nossa, é!] ah, não acredito. Conversou, riu, como sempre. Calor de duas da tarde. Chegou na aula, exercício familiar. [puta, não passei no banco]
Despediu. Na rampa, Déia! [tem alguém me chamando...] Dé! Oi, que saudades. Conversou, contou e ouviu. Matou um pouco a saudade. Despediu. Projeto, conversa, idéias.
Outra aula. Não deu tempo de comer. No lugar do exercício, conversou sobre trabalho. Tem que ir por prioridades. Saiu às onze, exausta.
Chegou em casa, falou com a mãe dos assuntos da manhã, [olha, tem chocolate, vou pegar pra amanhã] orkut, msn [é rapidinho..] textos publicados, recados dados.
Meia noite e pouco, saiu, desligou, turou e deitou.
[puta, não passei no banco]

quarta-feira, setembro 13, 2006

Regras do jogo?


"Existe o certo, o errado e todo o resto.”
.
Esta é uma frase dita pelo ator Daniel Oliveira representando Cazuza, em uma conversa com o pai, numa cena que, a meu ver, resume o espírito do filme que esteve em cartaz ate pouco tempo.
Alias, resume a vida.
Certo e errado são convenções que se confirmam com meia dúzia de atitudes.
Certo é ser gentil, respeitar os mais velhos, seguir uma dieta balanceada, dormir oito horas por dia, lembrar dos aniversários, trabalhar, estudar, casar e ter filhos, certo é morrer bem velho e com o dever cumprido.
Errado é dar calote, repetir de ano, beber demais, fumar, se drogar, não programar um futuro decente, dar saltos sem rede. Todo mundo de acordo? Todo mundo teoricamente de acordo, porem a vida não é feita de teorias.
E o resto? E tudo aquilo que a gente mal consegue verbalizar, de tão intenso? Desejos, impulsos, fantasias, emoções. Ora, meia dúzia de normas preestabelecidas não dão conta do recado.
Impossível enquadrar o que lateja, o que arde, o que grita dentro de nós.Somos maduros e ao mesmo tempo infantis, por trás do nosso autocontrole há um desespero infernal. Possuímos uma criatividade insuspeita: inventamos musicas, amores e problemas, e somos curiosos, queremos espiar pelo buraco da fechadura do mundo para descobrir o que não nos contaram. Todo o resto.
O amor é certo, o ódio é errado, e resto é uma montanha de outros sentimentos, uma solidão gigantesca, muita confusão, desassossego, saudades cortantes, necessidade de afeto e urgências sexuais que não se adaptam as regras do bom comportamento. Há bilhetes guardados no fundo das gavetas que contariam outra versão da nossa historia, caso viessem a publico.
Todo o resto é o que nos assombra: as escolhas não feitas, os beijos não dados, as decisões não tomadas, os mandamentos que não obedecemos ou que obedecemos bem demais – a troco de que fomos tão bonzinhos?
Há o certo, o errado e aquilo que nos da medo, que nos atrai que nos sufoca que nos entorpece.O certo é ser magro, bonito, rico e educado, o errado é ser gordo, feio, pobre e analfabeto, e o resto nada tem a ver com esses reducionismos: é nossa fome por idéias novas, é nosso rosto que se transforma com o tempo, são nossas cicatrizes de estimação, nossos erros e desilusões.
Todo o resto é muito mais vasto. É nossa porra-louquice, nossa ausência de certezas, nossos silêncios inquisidores, a pureza e a inocência que se mantêm vivas dentro de nós, mas que ninguém percebe, só porque crescemos. A maturidade é um álibi frágil.
Seguimos com uma alma de criança que finge saber direitinho tudo o que deve ser feito, mas que no fundo entende muito pouco sobre as engrenagens do mundo.
Todo o resto é tudo que ninguém aplaude e ninguém vaia, porque ninguém vê.

MARTHA MEDEIROS

sábado, setembro 02, 2006

Coisas da vida - Rita Lee

Quando a lua apareceu
Ninguém sonhava mais do que eu
Já era tarde
Mas a noite é uma criança distraída

Depois que eu envelhecer
Ninguém precisa mais me dizer
Como é estranho ser humano
Nessas horas de partida
.
É o fim da picada
Depois da estrada começa
Uma grande avenida...
.
No fim da avenida
Existe uma chance, uma sorte,
Uma nova saída
.
Qual é a moral?
Qual vai ser o final
Dessa história?
.
Eu não tenho nada pra dizer
Por isso digo
Que eu não tenho muito o que perder
Por isso jogo
Eu não tenho hora pra morrer
Por isso sonho
.
Aaah... são coisas da vida
E a gente se olha,
E não sabe se vai ou se fica...