November rain...
Eu adoro tempestades. Aqueles pé d`águas fortes. Principalmente quando a gente pode tomá-las. Quando não tá no meio do caminho entre o trabalho e a faculdade, ou saindo de casa para a balada. Gosto quando a gente pode andar debaixo dela sem pressa, ficando encharcado aos poucos, sentindo a roupa pesada e o corpo molhado, como se tivesse entrado debaixo de um chuveiro.
Me lembro das chuvas que já tomei, e lembro especialmente das que tomava nas férias. Era sempre verão e a gente ficava na praia até tarde, mesmo vendo que estava armando aquele chuvaréu. Aí de repente começava o maior toró, e todo mundo ia embora correndo, mas a gente não; iamos andando a pé, uns 8 quarteirões, sem pressa, cantando e dando risada.
Completamente molhados, cangas, bolsas, dinheiro, biquínis, os chinelos saindo do pé. Lembro até hoje da sensação. Aí chegávamos em casa e, proibidos de entrar daquele jeito para não ensopar a casa toda, ficávamos de “castigo” na varanda, até que sempre alguém resolvia entrar na piscina na chuva e era aquela festa. “Na chuva a água da piscina fica quente”, lembro de alguém falando.
E ia anoitecendo, e a gente na piscina na chuva, conversando, rindo, brincando de ir pra baixo d`água e olhar pra cima, pra ver os pingos de chuva batendo na superfície... Era bom, viu? Era muito bom. Depois ia tomar banho, mais água. Lembro até hoje da sensação da pele úmida depois de sair do banho, parecia que não ia secar mais.
Acabei de tomar uma chuva dessas, sozinha, no caminho do metrô para casa, dessas que a gente pode tomar, que não tem problema, e no caminho me peguei rindo, lembrando das chuvas na praia. A sensação do corpo molhado é igual, da roupa grudando, da alma lavada.
E agora que estou aqui escrevendo, ainda sinto a pele úmida. Estou vendo o que vou fazer no fim da noite, afinal, não vai chover pra sempre. Ainda bem.